Francisco Cândido Xavier

O evangelho e a mulher

“Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.” — Paulo. (EFÉSIOS, 5.28)

 

Especialmente à mulher

Homem e mulher guardam idênticos direitos perante as Leis da Vida.

E ambos, análogas características de imortalidade; nos dois, os mesmos atributos do Espírito eterno.

Entretanto, a Sabedoria da Criação entregou à mulher as chaves da vida. Com ela, a repetição do 

berço, nos prodígios do renascimento.

O homem dominará a natureza, erguerá impérios, influenciará povos ou marcará época; no entanto a 

humanização de tudo isso pertence à mulher que o embala nos vínculos de sua própria renovação.

Oração à mulher

Missionária da Vida:

Ampara o homem para que o homem te ampare.

Não te conspurques no prazer, nem te mergulhes no vício.

A felicidade na Terra depende de ti, como o fruto depende da árvore.

Mãe, sê o anjo do lar.

Esposa, auxilia sempre.

Companheira, acende o lume da esperança.

Irmã, sacrifica-te e ajuda.

Mestra, orienta o caminho.

Enfermeira, compadece-te.

Soneto

 Nos olhos da mulher, a lágrima irisada

É uma faixa auroral em divinal clarão;

É centelha de luz, de mística alvorada

Que lhe faz reflorir o amor no coração.

Ó lágrima de luz, safira eterizada,

Ó beleza sem par, primores da afeição!

Sublimais o viver na luz alcandorada,

Santificando o amor na suma perfeição!

Jamais o homem feroz será como a mulher,

Pois ela exprime o amor — perfeita a mais não ser —

A oração

A oração para a inteligência que aceitou a luz da fé viva, em todas as circunstâncias, será:

Um templo — em cuja doce intimidade encontraremos paz e refúgio.

Uma fonte — em que possamos aliviar a alma opressa.

Uma torre — da qual divisemos horizontes novos.

Uma estação — que projete nossa mensagem de sofrimento ou de júbilo para o Céu.

Um campo — em que semeemos as bênçãos da intercessão e do amor.

Uma passagem — que nos confira acesso aos montes mais altos da vida.

Em oração

Senhor Jesus!

Esta é a casa em que nos honorificas a confiança, permitindo-nos cooperar contigo no serviço aos semelhantes, em favor de nós mesmos.

Faze-nos sentir que nos concedes aqui um educandário da alma, em função de nosso próprio burilamento para a imortalidade vitoriosa.

Ilumina-nos o entendimento, a fim de que possamos discernir os teus desígnios de nossos desejos.

Oração

Senhor Jesus:

Conserva-nos em tua simplicidade, para que te possamos atender aos desígnios.

Faze-nos compreender que todos na Terra — Espíritos encarnados ou desencarnados — somos irmãos em teu Infinito Amor.

Não nos consintas olvidar a prestação de serviço que devemos a todos aqueles que se encarceram nas indagações da inteligência, mas não nos deixes afastados de quantos se sustentam na fé pura, buscando-te no trabalho e na restauração de si mesmos, nas vias da humildade e do sofrimento.

Paz e vida

Todos estamos concordes, quanto ao imperativo de se colaborar na sustentação da paz.

A paz, no entanto, é uma construção quase sempre mais difícil que qualquer outra que se levante sobre estruturas materiais.

O próprio Jesus quando prometeu aos companheiros: “a minha paz vos dou”, ( † ) não fez semelhante afirmativa senão depois do extremo sacrifício.

Na tarefa da paz

“… A minha paz vos dou…” — JESUS (João, 14.27)

 

Todos ambicionam a paz. Raros ajudam-na.

Que fazes por sustentá-la?

Recorda que a segurança dos aparelhos mais delicados depende, quase sempre, de parafusos pequeninos ou de junturas inexcedivelmente singelas.

Não haverá tranquilidade no mundo, sem que as nações pratiquem a tolerância e a fraternidade.

E se a nação é conjunto de cidades, a cidade é um agrupamento de lares, tanto quanto o lar é um ninho de corações.

Dez apontamentos da paz

1.º — Aprenda a desculpar infinitamente para que os seus erros, à frente dos outros, sejam esquecidos e perdoados.

2.º — Cale-se, diante do escárnio e da ofensa, sustentando o silêncio edificante, capaz de ambientar-lhe a palavra fraterna em momento oportuno.

3.º — Não cultive desafetos, recordando que a aversão por determinada criatura é, quase sempre, o resultado da aversão que lhe impuseste.

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