Francisco Cândido Xavier

Mensagem às Mães

 

Mãezinha!

Quando nos acolheste nos braços, sentiste que o coração se te estalava no peito, à feição de harpa repentinamente acordada por mãos divinas.

Rias e choravas, feliz, crendo haver convertido a regaço em ninho de estrelas.

Aconchegaste-nos ao colo, qual se trouxesses uma braçada de lírios que orvalhavas de lágrimas.

Quantos dias de ansiedade e ventura, sorrindo ao porvir, e quantas noites de vigília e sofrimento, receando perder-nos!…

Humildade do Coração

 

“Bem-aventurados os pobres de espírito”, proclamou o Senhor.

Nesse passo, porém, não vemos Jesus contra os tesouros culturais da Humanidade, mas, sim, exaltando a humildade do coração.

O Mestre recordava-nos, no capítulo das bem-aventuranças, que é preciso trazer a mente descerrada à luz da vida para que a sabedoria e o amor encontrem seguro aconchego em nossa alma.

A prova última

 

E porque o aprendiz indagasse sobre o currículo dos exames a respeito do aperfeiçoamento da alma, o mentor esclareceu, paciente:

— Na Espiritualidade Superior, as avaliações de aproveitamento são muitas. Temos as de paciência, de disciplina, de espírito de serviço e de auxílio aos semelhantes, no entanto, ao que me parece, a última é a mais difícil de todas.

E qual é a última? — Indagou o discípulo atento.

O mentor respondeu em tom decisivo:

A Chave de Luz

 

Lembra-te de que ninguém avança sem companhia. Toda obra pede auxílio e cooperação.

A árvore protege a fonte, tanto quanto a fonte alimenta a árvore.

O pão que extingue a fome é filho da compaixão do solo que nutriu a semente, da renúncia da semente que germinou para o sol e da força do sol que amparou a terra obscura e sustentou a semente frágil.

Assim também, vida afora, nas empresas que o mundo te conferiu, não prescindirás de braços amigos que te estendam socorro e fraternidade.

À Mulher Brasileira

 

Missionárias da Terra do Cruzeiro,

Companheiras de nobres semeadores,

Acendei a fé viva em resplendores,

Reconfortando o mundo sem roteiro.

 

O Brasil é o pacífico Celeiro

De nova luz aos povos sofredores,

Onde a fraternidade espalha as flores

Da imortal primavera do Cordeiro.

 

Mães, esposas e irmãs de nossa terra,

Cooperai contra o ódio, contra a guerra,

O Evangelho e a Mulher

 

“Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.” — Paulo. (EFÉSIOS, 5.28)

Às Filhas da Terra

 

Do Seu trono de luzes e de rosas,

A Rainha dos Anjos, meiga e pura,

Estende os braços para a desventura,

Que campeia nas sendas espinhosas.

Ela conhece as lágrimas penosas

E recebe a oração da alma insegura,

Inundando de amor e de ternura

As feridas cruéis e dolorosas.

Filhas da Terra, mães, irmãs, esposas,

No turbilhão dos homens e das coisas,

Imitai-A na dor do vosso trilho!…

Das mães e da Mãe Santíssima

 

A maternidade é um segredo entre a mulher e Deus. A participação do homem é ínfima, na maternidade; a participação da mulher é tocada de alegria e de dor, de tormento e de sofrimento, de prazer e de responsabilidade, desde que o filho nasce, até o último dia da mulher sobre a Terra. E sabe lá Deus se, depois desta Vida, quantas lutas sofrem as mães em auxílio aos filhos que deixaram neste mundo!

Especialmente à Mulher

 

Homem e mulher guardam idênticos direitos perante as Leis da Vida.

Em ambos, análogas características de imortalidade; nos dois, os mesmos atributos do Espírito eterno.

Entretanto, a Sabedoria da Criação entregou à mulher as chaves da vida. Com ela, a repetição do berço, nos prodígios do renascimento.

O homem dominará a natureza, erguerá impérios, influenciará povos ou marcará época; no entanto a humanização de tudo isso pertence à mulher que o embala nos vínculos de sua própria renovação.

Páginas