Companheiros Mudos

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Capítulo: 
19
Espírito(s): 

 

“Deixai vir a mim os pequeninos…” — JESUS (Marcos, 10.14)

“O Espírito, pois, enverga, temporariamente, a túnica da inocência e, assim, Jesus está com a verdade, quando, sem embargo da anterioridade da alma, toma a criança por símbolo da pureza e da simplicidade.” — (Cap. VIII, 4)

Com excelentes razões, mobilizas os talentos da palavra, a cada instante, permutando impressões com os outros.

Selecionas os melhores conceitos para os ouvidos de assembleias atentas.

Aconselhas o bem, plasmando terminologia adequada para a exaltação da virtude.

Estudas filologia e gramática, no culto à linguagem nobre.

Encontras a frase exata, no momento certo, em que externas determinado ponto de vista.

Sabes manejar o apontamento edificante, em família.

Lecionas disciplinas diversas.

Debates problemas sociais.

Analisas os sucessos diários.

Questionas serviços públicos.

Indiscutivelmente, o verbo é luz da vida, de que o próprio Jesus se valeu para legar-nos o Evangelho Renovador.

Entretanto, nesta nota simples, vimos rogar-te apoio e consolação para aqueles companheiros a quem a nossa destreza vocabular não consegue servir em sentido direto. Comparecem, às centenas, aqui e ali…

Jazem famintos e não comentam a carência de pão.

Amargam dolorosa nudez e não reclamam contra o frio.

Experimentam agoniadas depressões morais, sem pedirem qualquer reconforto à ideia religiosa.

Sofrem prolongados suplícios orgânicos, incapazes de recorrer voluntariamente ao amparo da medicina.

Pensa neles e, de coração enternecido, quanto puderes, oferece-lhes algo de teu amor, através da peça de roupa ou da xícara de leite, da poção medicamentosa ou do minuto de atenção e carinho, porque esses companheiros mudos e expectantes que nos rodeiam são as criancinhas necessitadas e padecentes que não podem falar.