Beneficência e Justiça

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Capítulo: 
30
Espírito(s): 

 

Examinando a beneficência, reflitamos na Justiça que a vida nos preceitua ao senso de relações.

Sem ela, é possível que os melhores empreendimentos sofram a nódoa de velhas mentiras crônicas em nome da gentileza.

Atravessas escabrosas necessidades materiais e, claro, te alegras ante o auxílio conveniente, mas se a cooperação chega marcada pelo manifesto desprezo dos que te ajudam com displicência, como se desfizessem de um peso morto, estarias mais contente se te deixassem a sós.

Caíste moralmente ansiando levantar e rejubilas­te diante do apoio que te surge ao reerguimento, entretanto, se esse concurso aparece tisnado de violências, qual se representasses um fardo de vergonha para os que te supõem reabilitar, sentirias reconhecimento maior se te desconhecessem a luta.

Choras, nas crises de provação que te fustigam a existência, e regozijas­te, quando os amigos se dispõe a ouvir-­te o coração faminto de solidariedade, mas se pretendem consolar­-te, repetindo apontamentos forçados, como se fosses para eles um problema que são constrangidos a suportar, por questões de etiqueta, mostrarias mais ampla gratidão se te entregassem ao silêncio da própria dor.

A justiça faz-­nos sentir que o supérfluo de nossa casa é o necessário que falta ao vizinho; que o irmão ignorante, tombado em erro, é alguém que nos pede os braços e que a aflição alheia amanhã poderá ser nossa.

Beneficência, por isso, assume o caráter de dever puro e simples.

Recomenda-­nos a regra Áurea: “faze aos outros o que desejas te seja feito”.

A sentença quer dizer que todos precisamos de apoio à luz da compreensão de remédio que se acompanhe de enfermagem e de conselho em bases de simpatia.

Em suma, todos necessitamos de caridade uns para com os outros, nesse ou naquele ângulo do caminho, mas é forçoso observar que se a beneficência nos traga a obrigação de ajudar, ensina-­nos a justiça como se deve fazer.