Francisco Peixoto Lins (Peixotinho)

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Francisco Peixoto Lins nasceu na cidade de Pacatuba, Estado do Ceará, no dia 1º de fevereiro de 1905. Ficou órfão de pai e mãe bem cedo, e passou a conviver com seus tios maternos, em Fortaleza. Matriculou-se no Seminário Católico, de acordo com o desejo de seus tios, que desejavam vê-lo seguir a carreira eclesiástica. Mas, aos 14 anos, desistiu da vida clériga após sofrer várias penas disciplinares por questionar e ter dúvidas sobre os dogmas da Igreja.

Com pouco mais de 15 anos, manifestaram-se nele os primeiros indícios de sua extraordinária mediunidade, sob a forma de terrível obsessão. Envolvido por espíritos menos esclarecidos, era tomado de estranha força física, tornando-se capaz de lutar e vencer vários homens, apesar de ter menos de 18 anos e ser fisicamente franzino.

Depois desse episódio, sofreu uma paralisia que o prostrou num leito de dor durante seis meses. Nessa fase, um dos seus vizinhos, membro de uma sociedade espírita de Fortaleza e movido de íntima compaixão, solicitou permissão à família para prestar-lhe socorro espiritual, com passes e preces. A fim de distrair-se, Peixotinho começou a ler alguns romances espíritas e, posteriormente, as obras da Codificação Kardequiana. Em menos de um mês, apresentava sensível melhora em seu estado físico e foi libertando-se progressivamente da falsa enfermidade.

Logo que conseguiu andar, passou a frequentar o Centro Espírita onde militava o grande tribuno Vianna de Carvalho, que, na época, estava prestando serviço ao Exército Nacional, em Fortaleza. Orientado por ele, Peixotinho iniciou o seu desenvolvimento mediúnico, tornando-se um dos mais famosos médiuns de materializações e efeitos físicos.

Em 1926, foi convocado para o serviço militar e transferido para Macaé, no Estado do Rio de Janeiro. Lá dedicou-se com amor à prática do Espiritismo e, com um grupo de abnegados companheiros, fundou o Centro Espírita Pedro, instituição que por muito tempo se tornou a sua oficina de trabalho. Em 1933, casou-se com Benedita Vieira Fernandes, com quem teve vários filhos.

No ano de 1945, na cidade do Rio de Janeiro, encontrou-se com vários confrades e passou a frequentar o Culto Cristão no Lar, realizado sistematicamente na residência do confrade Antônio Alves Ferreira. Posteriormente, unindo-se a Jacques Aboab e Amadeu Santos, resolveram fundar o Grupo Espírita André Luiz (GEAL), onde se produziram pela sua mediunidade as mais belas sessões de materializações luminosas, as quais ensejaram ao Dr. Rafael Américo Ranieri a oportunidade de lançar um livro com esse mesmo título. Peixotinho prestava, também, o seu valioso concurso como médium receitista e curador.

No ano de 1948, encontrando-se pela primeira vez com Francisco Cândido Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo/MG, teve a oportunidade de propiciar aos confrades daquela cidade belíssimas sessões de materializações e assistência aos enfermos.

Um fato curioso aconteceu na noite de 10 de fevereiro de 1949. Peixotinho e mais duas pessoas, ao desembarcarem em Belo Horizonte vindos do Rio de Janeiro, perderam o trem que os levaria a Pedro Leopoldo para um encontro com Chico Xavier. O trio, então, foi à casa do confrade Jair Soares, no bairro Santa Tereza, seguindo recomendações de Rafael Ranieri para procurar a “Pensão da Fraternidade”, como era conhecida a residência de Jair.

Chovia torrencialmente e eles receberam guarida. Na manhã seguinte, Peixotinho notou o Espírito da Irmã Scheilla ao lado da esposa de Jair, Dona Ló, dizendo que esta se encontrava muito enferma, acometida de câncer e desenganada pela medicina terrena. Peixotinho percebeu, então, que a visita a Chico era pretexto da espiritualidade para sitiá-los ali, e, no dia 11 de fevereiro, realizou-se uma sessão de materialização de espíritos e ectoplasmia na residência do casal Soares, com a obtenção de notáveis fenômenos de efeitos físicos.

No dia seguinte, foi realizada outra sessão, mas, em Pedro Leopoldo, na casa de Rômulo Joviano, com a presença de Chico Xavier. Nos dias 13 e 14 subsequentes, mais reuniões sucederam-se na casa de Ló e Jair. O processo deu origem a diversas reuniões de materialização de espíritos para o tratamento de enfermos na casa. Dona Ló foi curada e viveu por mais 22 anos, vindo a desencarnar vitimada por infarto.

Em 1949, Peixotinho foi transferido definitivamente para a cidade de Campos, onde participou dos trabalhos do Grupo Joana D’Arc. Fundou, também, o Grupo Espírita Araci, em homenagem ao seu guia espiritual. Por seu intermédio, produziram-se as famosas materializações luminosas e uma série dos mais peculiares fenômenos, tudo dentro da maior seriedade e nos moldes preceituados pela Doutrina Espírita.

O notável médium sofria de broncopneumonia, enfermidade que lhe causava muitos dissabores; porém, ele suportava tudo com estoicismo, o mesmo podendo-se dizer das calúnias de que foi vítima, como são vítimas todos os médiuns sérios que se colocam a serviço do Evangelho de Jesus.

Peixotinho desencarnou na cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro, em 16 de junho de 1966.

 

Fontes:

- Site da Federação Espírita Brasileira (FEB);

- Revista REFORMADOR, ago/1966, pag. 18 e 19, FEB;

- Site Grupo da Fraternidade Irmã Ló (GFIL).